A Comunicação Corporativa estratégica nas empresas – César Rua
Na entrevista ping-pong deste mês falamos com o César Rua, executivo de comunicação corporativa da Vivo (Telefônica Brasil), sobre como a comunicação pode ser estratégica nas empresas. Confira:
Simplifica.CI – Quais os principais aprendizados na sua jornada com a comunicação corporativa?
César Rua – Para mim, um ponto importante é acompanharmos as mudanças nos hábitos de consumo de informações pelas pessoas e adaptarmos para a realidade dos canais internos. Os empregados querem ter na comunicação interna a mesma experiência que experimentam nas suas vidas pessoais.
Simplifica.CI – Qual é o papel da comunicação interna nas empresas? Como ele vem se transformando ao longo dos anos?
César Rua – A comunicação interna tem como principal papel informar e engajar o público interno. Isso não mudou. O que evoluiu ao longo dos anos é a oferta de canais digitais, novos formatos, tom de voz mais humanizado, linguagem mais próxima e direta e principalmente a inclusão de novas narrativas, como diversidade, sustentabilidade, ética entre outras.
Simplifica.CI – A comunicação interna consegue refinar sua estratégia com segmentação de públicos ou ainda trabalha na lógica de comunicação em massa? O que você considera avanços nessa área?
César Rua – Esta é uma mudança importante: hoje a segmentação de conteúdo por público é a chave para alcançarmos efetividade na comunicação. As pessoas querem ser impactadas por assuntos de seu interesse, seguindo a lógica das redes sociais. Na comunicação interna, as redes sociais corporativas como o Workplace From Meta são importantes aliados para uma segmentação mais próxima da realidade.
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Simplifica.CI – Qual o nível de interesse do empregado para assuntos institucionais no cenário atual das empresas?
César Rua – Para despertar o interesse, os assuntos institucionais têm que fazer sentido para os empregados. A equipe de comunicação interna deve sempre alinhar expectativas de resultados com as áreas internas, pois alguns temas são de interesse, mas outros não. Nem tudo da empresa é válido para a comunicação interna.
Simplifica.CI – Atualmente, quais são os três assuntos mais relevantes do público interno na sua opinião?
César Rua – Diversidade, Carreira e Estratégia de Negócios da empresa
Simplifica.CI – Na empresa que você atua hoje, vocês têm um conselho editorial? Se sim, como ele funciona?
César Rua – Todo conteúdo que temos que divulgar internamente é submetido a uma curadoria realizada por profissionais da comunicação interna que exercem o papel de um conselho editorial.
Simplifica.CI – Como a curadoria de conteúdo e as editorias podem ser mais estratégicas na comunicação com o público interno?
César Rua – A curadoria de conteúdo considera como premissa qual a necessidade da comunicação em questão: é informativa apenas? exige uma ação (call to action) dos empregados? o objetivo é transformar cultura/atitudes internas? Com estas questões em mente, a comunicação consegue ser mais estratégica definindo canais, frequência e tom de voz.
Simplifica.CI – Qual o papel dos canais de comunicação na comunicação interna, considerando o novo contexto do trabalho híbrido ou remoto?
César Rua – Os canais internos são o principal elo entre a empresa e os empregados nestes tempos de trabalho híbrido ou remoto. Eles são responsáveis em manter as equipes motivadas e alinhadas à cultura interna da empresa.
Simplifica.CI – Quais indicadores de resultado são importantes para uma comunicação interna estratégica e como é possível monitorá-los?
César Rua – Considero os seguintes indicadores como fundamentais para acompanharmos a performance da comunicação interna: visualizações de notícias/posts, reações (curtidas), comentários e compartilhamentos. Além disso, temos uma “taxa de engajamento” que é calculada pela soma de “reações + comentários/visualizações”.
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Simplifica.CI – Como o profissional de comunicação pode contribuir para que o líder assuma seu papel de comunicador nas organizações?
César Rua – A comunicação interna tem o papel de orientar e preparar os líderes para que eles sejam agentes de comunicação. Ou seja, deve criar situações para estimular a participação do líder no processo. Um exemplo é deixar para a liderança fazer comunicações importantes “em primeira mão”.
Simplifica.CI – Como o público interno pode contribuir na construção de uma reputação forte da marca? Como o projeto “Vivo Creators” com influenciadores internos muda o ponteiro da reputação da Vivo?
César Rua – Hoje a comunicação de “pessoas para pessoas” é muito mais eficiente para transmitirmos temas relevantes para a organização. Os empregados dão mais importância para o que é divulgado por outros empregados. A tradicional “top down” já não traz os melhores resultados. No caso do Vivo Creators, nossos influenciadores internos selecionados têm exatamente a função de engajar a empresa e ajudar na construção da reputação interna e até divulgar posicionamentos externos.
Simplifica.CI – Qual a importância da construção de uma reputação forte e como o profissional de comunicação deve endereçar esse tema para a alta administração?
César Rua – Empresas com uma forte reputação interna conseguirão lidar melhor em momentos de crise. Os profissionais de comunicação interna podem construir narrativas e orientar a alta liderança em como se comunicar internamente. Tudo isso pensando nas mensagens-chave que precisam chegar a todos os empregados, do estagiário ao CEO.