Comunicação humanizada e estratégica – Claudia Cezaro
Na entrevista ping-pong deste mês falamos com a Claudia Cezaro Zanuso sobre comunicação humanizada e estratégica. Confira:
Simplifica.CI – Quais os principais aprendizados na sua jornada com a comunicação corporativa?
Claudia Cezaro Zanuso – Em quase 30 anos à frente de uma agência de comunicação, posso dizer que o comunicador que presta serviço aprende a lidar com as diferentes culturas organizacionais e tirar proveito delas para o planejamento estratégico da comunicação. Não acredito em modelos prontos que possam ser replicados sem identificar e respeitar os traços culturais, o jeito de trabalhar de cada empresa. Até porque cada empresa reúne um grupo único de pessoas. A questão da identidade corporativa, levou a mim e ao meu negócio a desenhar soluções sob medida para cada cliente, momento e situação. E os resultados desse processo também são únicos. Geram cases que devem ser estudados para servirem de inspiração.
Simplifica.CI – Na sua opinião, qual é o papel da comunicação interna nas empresas? E como ele vem se transformando ao longo dos últimos anos?
Claudia Cezaro Zanuso – O papel é nobre: é de tornar a estratégia do negócio conhecida por todos os colaboradores. Isso é feito por meio de uma gestão de conteúdo que prioriza o que é relevante para cada tipo de audiência: administrativo, operacional, liderança, vendas etc. A transformação foi considerar o colaborador como agente, além de público. Ou seja, abrir espaços para escuta e para a participação nas ações, gerando maior engajamento e interesse pela pauta corporativa.
Simplifica.CI – Quais são as tendências de comunicação interna para este ano?
Claudia Cezaro Zanuso – Algumas pesquisas apontam para estratégias de conexão emocional capazes de vencer o distanciamento físico, que ainda se impõem, não mais por uma questão sanitária, mas pela adoção de modelos híbridos de trabalho. As empresas estão experimentando jornadas mistas, ou seja, profissionais trabalham em casa por uns dias e por outros na empresa.
Outras apostam na melhoria da experiência do colaborador, mantendo os canais de comunicação e relacionamento que funcionam e adotando novos comportamentos para os líderes como comunicadores. Sintam que é um pouco de tudo isso junto. E admitir que ninguém tem a fórmula mágica; é preciso experimentar, avaliar e se der resultado continuar. Do contrário, muda-se o jogo rapidinho.
Em termos de conteúdo, ser mais autêntico possível, tratar as pessoas de forma honesta e justa, preparar as pessoas para os desafios, continuar a reconhecer e valorizar as conquistas.
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Simplifica.CI – Como está a transformação digital na comunicação interna?
Claudia Cezaro Zanuso – Tem muita tecnologia a serviço da comunicação interna, expressa em aplicativos, dashboards de monitoramento, algoritmos etc. Mas sabemos que a transformação começa pelas pessoas e talvez o aprendizado do comunicador em relação à perspectiva digital esteja somente focado nas ferramentas. Precisamos estudar mais, nos comparar a outras áreas e ciências que já fizeram sua lição de casa para aportar todo o potencial que a transformação digital pode entregar. Imagino, por exemplo, os benefícios da construção colaborativa de conteúdo, onde quem desejar possa cooperar com a informação que deve ser compartilhada com todos. Que maravilha seria! Mas ainda dependemos da aprovação de pautas, de entrevistas com fontes de forma unidirecional e da aprovação dos textos e artes para gerar o conteúdo corporativo. Esse processo leva tempo e tira a comunicação da onda da agilidade, da informação real time.
O conceito de comunidade, que aproxima as pessoas com interesses comuns para dialogar é um caminho de transformação para a comunicação interna. Se uma empresa pode ser entendida como uma comunidade, o diálogo e a troca de informação se torna horizontal e empodera cada membro da comunidade. É um espaço horizontal, quase sem hierarquia. A área de comunicação interna não pode ser mais a única a gerar conteúdo, ela deve fazer a curadoria do que se precisa e deseja conversar.
Simplifica.CI – Qual a importância da construção de uma reputação forte e como o profissional de comunicação deve endereçar esse tema para a alta administração?
Claudia Cezaro Zanuso – Não há dúvida sobre essa importância. Existem vários caminhos para manter a alta administração ciente disso. A começar pelas experiências próprias, apontando o sucesso ou insucesso no gerenciamento de crises e na construção da marca empregadora, por exemplo. E a continuar com as pesquisas e índices externos, de mercado, que demonstram claramente a força da reputação. Um dos mais conhecidos é o Trust Barometer da Edelman, uma sondagem anual e mundial, que vai além da questão corporativa, envolvendo poder público e indivíduos, como influenciadores.
Simplifica.CI – Como o público interno pode contribuir na construção de uma reputação forte da marca?
Claudia Cezaro Zanuso – Com o relato de sua experiência. Por isso que a jornada do colaborador é uma das estratégias mais utilizadas que associa práticas de gestão de pessoas e de comunicação. O depoimento positivo e genuíno sobre a empresa em que trabalha tem muito valor.
Simplifica.CI – Atualmente, quais são as principais tendências relevantes no trabalho remoto?
Claudia Cezaro Zanuso – A busca pelo equilíbrio entre vida pessoal e profissional e da autonomia para executar as tarefas. Não saber até onde pode ir para tomar decisões é uma incerteza que prejudica o desempenho remoto. Portanto a gestão do líder precisa ser mais próxima, que é diferente de estar presente no ambiente físico, muitas vezes caso a caso para que cada colaborador se sinta amparado e preparado para o trabalho. A noção de monitoramento do trabalho ganha uma nova escala, mais pela tarefa realizada e menos pelo processo.
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Simplifica.CI – Qual o papel dos canais de comunicação na comunicação interna, considerando o novo contexto do trabalho híbrido ou remoto?
Claudia Cezaro Zanuso – Continua a ser fundamental. É por meio dos canais que se organizam e se disseminam os conteúdos corporativos. Os canais são a voz da empresa, muitas vezes composta pela voz dos colaboradores. Portanto, a difusão de informação por ferramentas multimídia só cresce. E vai continuar crescendo. Quem hoje não usa vídeos em sua comunicação? E cada vez mais? Além de lives, webmeetings e outros meios de streaming?