O que a Comunicação Interna já aprendeu na crise

A rotina de todo mundo foi duramente afetada durante a pandemia do novo Coronavírus. Mesmo que sem grandes definições de retomada para o trabalho presencial, já há algumas tendências ganhando forma e dando o tom das decisões nas organizações. Hoje, o blog da SimplificaCI traz alguns aspectos que não mudaram e outros que já percebemos que vieram para transformar o trabalho dos profissionais de Comunicação Interna e a rotina de todos os empregados: 

O que não muda:

  1. Propósito e valores da empresa que são fortes e estão nas raízes das organizações: é na hora da crise que a empresa prova que seus valores são reais e verdadeiros e nunca ter propósito claro fez tanto sentido como agora. Os empregados têm enfrentado a instabilidade do momento imposto pela crise da Covid-19 de forma mais positiva quando sabem o papel da sua empresa na sociedade, seja como fornecedor de item essencial ou serviço e produto que pode ser adaptado para dar suporte às comunidades ou contribuir com a saúde das pessoas. Reconhecer entre seus líderes e colegas a prática dos valores divulgados nas peças de comunicação, também é algo que não mudou e vem ainda mais forte. Em momento de distanciamento social e de grandes dúvidas, raízes fortes como valores que fazem parte de forma genuína da realidade da empresa geram mais tranquilidade e senso de pertencimento em situações de crise.
  2. Pessoas são o centro e são a organização: as pessoas já eram o centro e agora tomam de vez a posição de destaque nas organizações. As máquinas, os equipamentos e as estratégias mesmo que bem definidas e organizadas, necessitam de pessoas à frente para que a organização permaneça ativa. Como um organismo vivo, a empresa pulsa no mesmo ritmo que as pessoas que ali trabalham. 
  3. Como sua empresa contribui na sociedade: empresas mais consolidadas já tinham em sua cultura ações voltadas para à sociedade, seja por meio de projetos de responsabilidade social ou meio ambiente. Com a crise, os negócios que conseguiram se manter ativos perceberam ali sua responsabilidade perante à sociedade e, cada vez mais, as organizações são cobradas pelos consumidores com relação ao seu papel e responsabilidade de ajudar a comunidade ao seu redor. 

O que muda:

Além da rotina do profissional de Comunicação Interna que já era bem atribulada e agora acumula algumas atividades e responsabilidades a mais, há muita mudança positiva para a área e que já podem ser sentidas pelos profissionais mais atuantes em negócios que mantiveram e mantêm suas operações em funcionamento durante toda a crise. As principais mudanças que identificamos são:

  1. Fortalecimento estratégico da CI: em um processo de virada de trabalho presencial para trabalho remoto em tempo recorde nas empresas, a Comunicação Interna teve, de um dia para o outro, redefinir suas estratégias de canais e conteúdo com os empregados. Com uma rotina mais complexa a Comunicação Interna também passou a ocupar de forma mais estratégica uma cadeira definitiva nos Comitês Multidisciplinares de Crise. Essa é uma conquista que veio para ficar. A alta gestão, de forma acelerada, percebeu e posicionou a Comunicação com os Empregados em uma posição mais estratégica e de merecimento da área. 
  2. Monitoramento e resultados: sendo agora uma área mais estratégica e com grande visibilidade no C-Level, apresentar indicadores e monitorar os seus processo também é uma nova rotina que veio para ficar. Cada vez mais os profissionais necessitarão de acompanhar seus processos e apresentar indicadores que demonstrem o volume de atividades realizadas e, principalmente, os resultados obtidos em cada um dos projetos e novos investimentos. Isto é um marco que reforça a nova posição estratégica ocupada pela Comunicação com os Empregados.
  3. Trabalho remoto veio para ficar: segundo estudo conduzido pela Fundação Dom Cabral (FDC) e com a consultoria Grant Thornton, 54% dos entrevistados de 18 estados brasileiros planejam solicitar aos líderes seus líderes a continuidade do trabalho remoto mesmo depois do término da pandemia. Essa é uma realidade que veio para ficar. Por isso os espaços de trabalho já estão sendo revisados, muitas empresa já se desfizeram de prédios e reduziram a jornada de trabalho presencial. Desta forma toda a estratégia de endomarketing, canais, conteúdo e eventos deverão considerar a nova realidade de trabalho: menos empregados presentes nas localidades, acesso limitado aos espaços compartilhados e os desafios próprios do home office (estrutura, divisão do ambiente com familiares e aspectos psicológicos ainda presentes enquanto durar a Pandemia).
  4. Cuidar das pessoas não é uma tarefa exclusiva do RH – Quem cuida de quem cuida? Além da área de Comunicação Interna o departamento de Recursos Humanos também está no epicentro da crise. Redução de jornada e salário, demissões, apoio psicológico, construção do protocolo de retomada e outros assuntos todos com um único objetivo – cuidar das pessoas. Mas quem cuida da área de Recursos Humanos? Segundo Luiz Fruet, Head of Corporate Total Rewards and People Analytics da Nestlè, em palestra no Fórum Global Learning da ABRH, realizado no dia 22 de junho, foi neste momento que muitas empresas perceberam que cuidar das pessoas não é exclusividade da área de RH. Comunicação Interna, Saúde, Segurança do Trabalho e, principalmente, a liderança devem compartilhar essa responsabilidade de cuidar uns dos outros. A Pandemia deixou mais claro que todas as pessoas devem cuidar uma das outras, não sendo apenas uma responsabilidade de um único departamento.
  5. Família dos empregados, as organizações também podem apoiá-la: com o fortalecimento do home office, esse novo formato de trabalho aprofundou uma relação que algumas organizações já tinham mapeadas em suas estratégias: o relacionamento com os familiares dos colaboradores. Em um momento em que os empregados dividem sua intensa rotina de trabalho com o homeschooling das crianças e adolescentes,  com as tarefas domésticas e os cuidados com familiares que dividem o mesmo espaço de trabalho foi necessário considerar esses novos aspectos no contexto da Comunicação Interna. Muitas das vezes as ações realizadas como eventos e lives têm considerado a presença dos familiares nas estratégias. Daqui pra frente, a família dos empregados passam também a ser considerada como um público interno bastante estratégico. 
  6. A empresa precisa ajudar o empregado a se desconectar do trabalho: depois de todo o furacão de início da pandemia que exigiu uma adaptação da rotina do empregado que acumulou atividades domésticas e, muitas das vezes adicionou outras tarefas, hoje as pessoas já têm uma rotina estabelecida. Mas com o aumento do volume de trabalho e a maior disponibilidade do colaborador de certa forma estimulou para que os empregados excedam a jornada oficial de trabalho. O resultado disso: burn out! Toda a empresa quer que seus empregados estejam engajados e dedicados, mas trabalho remoto não é sinônimo de 100% de disponibilidade. Por isso, cabe à organização por meio das áreas de Recursos Humanos, Comunicação Interna e a Liderança colocar limites e lembrar da importâncias dos empregados se desconectarem do trabalho e se dedicarem a outras atividades como exercício físico, tempo com a família, descanso e lazer. Algumas organizações, diante disso, criaram ações bem simples, mas muito eficazes para gerarem essa desconexão, são elas: travar o horário de almoço na agenda dos empregados para que nenhuma reunião seja realizada nesse período, realização de happy hour e outras atividades de lazer e relacionamento online. O importante nesse caso é a empresa reforçar que os períodos de descanso devem ser respeitados de forma a cuidar da saúde mental de cada um dos seus empregados.

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